O segundo dia da Universidade de Verão começou com uma aula acerca de «Energia e Clima: o que não podemos adiar» com o Engenheiro Carlos Pimenta. Defensor das energias renováveis, Pimenta considera que só podemos ter uma política ambiental sustentável se deixarmos de depender dos combustíveis fósseis – por isto, vê na mobilidade eléctrica uma oportunidade de desenvolvimento para Portugal. Carlos Pimenta frisou ainda os custos que isto poderá ter para a vida humana num futuro próximo. Esta foi uma aula em que o sentido de humor do orador conquistou cada um dos alunos, sensibilizando-os, em simultâneo, para a problemática do clima.
Após o almoço, foi a vez de Miguel Poiares Maduro e Rui Tavares se juntarem num debate oponente acerca da «Clivagem Esquerda/Direita: ainda é importante?». Numa renhida mas amigável discussão, Rui Tavares afirmou que a dicotomia Esquerda/Direita é tão importante como os pontos cardeais, pelo facto de ambos serem conceitos orientadores. O Historiador e fundador do LIVRE fez ainda uma abordagem histórica dos dois conceitos, explicando como nasceram e o que representavam.
O Ministro-Adjunto e do Desenvolvimento Regional mostrou-se concordante com esta comparação, mas ressalvou que é necessário haver alternativas a esta visão mais tradicional, pois hoje esta clivagem é mais ambígua – por exemplo, no que diz respeito a costumes e moral. Para Poiares Maduro, estas denominações são pouco actuais e uma forma de identidade social, ao invés de política.
O dia terminou com a presença do Catedrático de Filosofia Social e Política, Daniel Innerarity, no segundo jantar-conferência. Considerado um dos 25 maiores pensadores do mundo pela revista “Le Nouvel Observateur”, Innerarity juntou-se à UV para falar acerca da governação no século XXI. Para o orador, as decisões devem ser tomadas a pensar no longo prazo, e é errado pensar em soluções para apenas uma legislatura. O Catedrático acredita que, para uma boa governação, é imprescindível o poder político ser visto de forma menos oportunista e mais inteligente e estratégica.
Relativamente à juventude, Innerarity frisou a importância da militância como uma forma de compromisso de tempo e uma oportunidade de formação que um dia será usada em prol da causa pública.
Por fim, elogiou os alunos da Universidade de Verão e considerou-os “pessoas raras” pelo que acompanhou ao longo do dia e pelo trabalho constante que testemunhou em Castelo de Vide.