Exmo. Dr. Durão Barroso, ao longo de 10 anos à frente dos destinos da UE, teve de enfrentar diversos desafios e ultrapassar inúmeros obstáculos. De todos esses desafios e obstáculos qual é aquele que mais se orgulha de ter ultrapassado?
Nos últimos dez anos a Europa passou por acontecimentos históricos marcantes: o alargamento que quase duplicou o seu número de membros de 15 para 28 Estados, a não ratificação do Tratado Constitucional por causa dos votos negativos da França e da Holanda em 2005, a crise financeira e das dívidas soberanas, e o mais recente conflito entre a Rússia e a Ucrânia (que, creio, representa a ameaça mais séria à segurança e paz na Europa desde a queda do Muro de Berlim) são alguns dos enormes desafios que tivemos de enfrentar.
Logo no início do meu primeiro mandato em 2004, havia uma situação politica e institucional muito complexa: o Tratado Constitucional rejeitado em referendo por dois Estados fundadores; um programa económico – a Estratégia de Lisboa - descredibilizado e que foi por isso revisto em 2005; e o maior alargamento da história da União que era preciso gerir de modo a não prejudicar o aprofundamento da integração europeia. Enfrentámos todos estes desafios com determinação. Provámos que uma Europa a 27, agora a 28, é mais forte e mais influente. Revimos a estratégia de crescimento da União e resolvemos o problema institucional com um novo tratado, o Tratado de Lisboa.
Mas o maior desafio veio no meu segundo mandato e foi certamente o de manter a Europa unida durante a crise económica e financeira. Esta crise levou-nos a mais solidariedade a nível europeu e mais responsabilidade a nível nacional, e obrigou-nos a rever os nossos próprios mecanismos de governação económica. Em conjunto, conseguimos alterar profundamente as regras que regulam o sector financeiro para melhorar a supervisão e pôr os bancos de volta ao serviço da economia; por proposta da Comissão criámos uma União Bancária; melhorámos a forma como os governos trabalham juntos para restaurar a estabilidade e a credibilidade das suas finanças públicas; e mobilizámos mais de 700 mil milhões de euros em ajuda financeira para apoiar os países atingidos pela crise. Os governos não poderiam ter feito isto sozinhos.
Há naturalmente momentos que me marcaram pessoalmente durante o meu mandato. Ajudar Portugal a sair do programa de ajustamento foi um deles. Fizemos tudo para maximizar o impacto dos fundos estruturais (que no período actual de 2014-2020 significa cerca de 26 mil milhões de euros) e estamos a financiar medidas imediatas para o emprego jovem. Não posso deixar de referir também o significado especial que teve a atribuição do Prémio Nobel da Paz à União Europeia e a possibilidade que tive, juntamente com o Presidente do Conselho Europeu, de proferir o discurso de aceitação em Oslo, o que muito me emocionou.
Quais foram os maiores desafios que teve de enfrentar nestes 10 anos de liderança da Comissão Europeia e que contributos tiveram para alterar a UE que encontrou em 2004 e que agora deixa em 2014?
Nos últimos dez anos a Europa passou por acontecimentos históricos marcantes: o alargamento que quase duplicou o seu número de membros de 15 para 28 Estados, a não ratificação do Tratado Constitucional por causa dos votos negativos da França e da Holanda em 2005, a crise financeira e das dívidas soberanas, e o mais recente conflito entre a Rússia e a Ucrânia (que, creio, representa a ameaça mais séria à segurança e paz na Europa desde a queda do Muro de Berlim) são alguns dos enormes desafios que tivemos de enfrentar.
Logo no início do meu primeiro mandato em 2004, havia uma situação politica e institucional muito complexa: o Tratado Constitucional rejeitado em referendo por dois Estados fundadores; um programa económico – a Estratégia de Lisboa - descredibilizado e que foi por isso revisto em 2005; e o maior alargamento da história da União que era preciso gerir de modo a não prejudicar o aprofundamento da integração europeia. Enfrentámos todos estes desafios com determinação. Provámos que uma Europa a 27, agora a 28, é mais forte e mais influente. Revimos a estratégia de crescimento da União e resolvemos o problema institucional com um novo tratado, o Tratado de Lisboa.
Mas o maior desafio veio no meu segundo mandato e foi certamente o de manter a Europa unida durante a crise económica e financeira. Esta crise levou-nos a mais solidariedade a nível europeu e mais responsabilidade a nível nacional, e obrigou-nos a rever os nossos próprios mecanismos de governação económica. Em conjunto, conseguimos alterar profundamente as regras que regulam o sector financeiro para melhorar a supervisão e pôr os bancos de volta ao serviço da economia; por proposta da Comissão criámos uma União Bancária; melhorámos a forma como os governos trabalham juntos para restaurar a estabilidade e a credibilidade das suas finanças públicas; e mobilizámos mais de 700 mil milhões de euros em ajuda financeira para apoiar os países atingidos pela crise. Os governos não poderiam ter feito isto sozinhos.
Há naturalmente momentos que me marcaram pessoalmente durante o meu mandato. Ajudar Portugal a sair do programa de ajustamento foi um deles. Fizemos tudo para maximizar o impacto dos fundos estruturais (que no período actual de 2014-2020 significa cerca de 26 mil milhões de euros) e estamos a financiar medidas imediatas para o emprego jovem. Não posso deixar de referir também o significado especial que teve a atribuição do Prémio Nobel da Paz à União Europeia e a possibilidade que tive, juntamente com o Presidente do Conselho Europeu, de proferir o discurso de aceitação em Oslo, o que muito me emocionou.
Por todo o seu completíssimo percurso político, quer nacional, quer internacional, como vê os próximos tempos que a Europa vai atravessar? Acha que os conflitos económicos e as dificuldades que os países mediterrânicos têm sentido vão ter um volte-face breve?
Este ano marca o centenário do início da I Guerra Mundial. Acontecimentos recentes como o conflito entre a Rússia e a Ucrânia relembram-nos que não devemos dar a paz como garantida e sublinham a importância do projecto europeu em substituir uma lógica de confrontação por uma lógica de cooperação. A Europa é uma aventura permanente. Um projecto em construção. Não há muito tempo atrás, muitos comentadores e especialistas (em Portugal e no mundo) vaticinavam a implosão do euro, previam o declínio da Europa, até a desintegração da União Europeia. Nada disso aconteceu. A UE mostrou a sua resiliência e confirmou a força do processo de integração.
A lição que tiro do meu quotidiano é muito simples: precisamos de mais Europa - e não de menos Europa. Os países europeus precisam de mais Europa não no sentido de qualquer centralismo, mas no sentido de mais União Europeia – uma União que se bate pelos seus cidadãos e pelo interesse comum. Mais e melhor Europa, portanto. Para isso, não basta o trabalho das instituições europeias em Bruxelas e em Estrasburgo. Há que entender que a UE somos todos nós e que os Estados Membros devem afirmar com maior empenhamento o seu compromisso europeu.
A UE vai continuar a evoluir e a adaptar-se às exigências que o mundo lhe coloca. Mas para responder – e responder bem – aos desafios da atualidade (sejam eles diplomáticos, económicos ou sociais), tem de haver um consenso sobre o "para onde vamos" e também sobre o "como é que lá chegamos". Até onde estamos dispostos a partilhar as soberanias nacionais para aumentarmos o nosso efectivo poder na política mundial? Estas questões fundamentais (talvez existenciais) têm de ser clarificadas para avançarmos no sentido de uma maior integração económica rumo a uma verdadeira união económica e monetária, a uma política externa e de defesa mais coesa, ou novos passos a caminho de uma união política.
Ora, isto significa também o assumir de um compromisso europeu ao nível nacional. Chega de europeizar os fracassos e de nacionalizar as vitórias! Chega de dar espaço ao populismo e ao eurocepticismo.
A Europa que eu vejo no futuro é, pois, uma Europa unida, aberta ao mundo e, por isso, mais forte. É este o desafio que temos pela frente e que precisa do empenho firme de todos os que acreditam na Europa como o nosso destino comum.
Para onde caminha a UE? Para uma verdadeira união política, social, económica e cultural, ou para uma desintegração com as actuais posições de vários estados membros, ou por fim, para uma completa união que resultaria numa federalização?
Obrigado
Este ano marca o centenário do início da I Guerra Mundial. Acontecimentos recentes como o conflito entre a Rússia e a Ucrânia relembram-nos que não devemos dar a paz como garantida e sublinham a importância do projecto europeu em substituir uma lógica de confrontação por uma lógica de cooperação. A Europa é uma aventura permanente. Um projecto em construção. Não há muito tempo atrás, muitos comentadores e especialistas (em Portugal e no mundo) vaticinavam a implosão do euro, previam o declínio da Europa, até a desintegração da União Europeia. Nada disso aconteceu. A UE mostrou a sua resiliência e confirmou a força do processo de integração.
A lição que tiro do meu quotidiano é muito simples: precisamos de mais Europa - e não de menos Europa. Os países europeus precisam de mais Europa não no sentido de qualquer centralismo, mas no sentido de mais União Europeia – uma União que se bate pelos seus cidadãos e pelo interesse comum. Mais e melhor Europa, portanto. Para isso, não basta o trabalho das instituições europeias em Bruxelas e em Estrasburgo. Há que entender que a UE somos todos nós e que os Estados Membros devem afirmar com maior empenhamento o seu compromisso europeu.
A UE vai continuar a evoluir e a adaptar-se às exigências que o mundo lhe coloca. Mas para responder – e responder bem – aos desafios da atualidade (sejam eles diplomáticos, económicos ou sociais), tem de haver um consenso sobre o "para onde vamos" e também sobre o "como é que lá chegamos". Até onde estamos dispostos a partilhar as soberanias nacionais para aumentarmos o nosso efectivo poder na política mundial? Estas questões fundamentais (talvez existenciais) têm de ser clarificadas para avançarmos no sentido de uma maior integração económica rumo a uma verdadeira união económica e monetária, a uma política externa e de defesa mais coesa, ou novos passos a caminho de uma união política.
Ora, isto significa também o assumir de um compromisso europeu ao nível nacional. Chega de europeizar os fracassos e de nacionalizar as vitórias! Chega de dar espaço ao populismo e ao eurocepticismo.
A Europa que eu vejo no futuro é, pois, uma Europa unida, aberta ao mundo e, por isso, mais forte. É este o desafio que temos pela frente e que precisa do empenho firme de todos os que acreditam na Europa como o nosso destino comum.
Que futuro está reservado no actual panorama actual Europeu?
Este ano marca o centenário do início da I Guerra Mundial. Acontecimentos recentes como o conflito entre a Rússia e a Ucrânia relembram-nos que não devemos dar a paz como garantida e sublinham a importância do projecto europeu em substituir uma lógica de confrontação por uma lógica de cooperação. A Europa é uma aventura permanente. Um projecto em construção. Não há muito tempo atrás, muitos comentadores e especialistas (em Portugal e no mundo) vaticinavam a implosão do euro, previam o declínio da Europa, até a desintegração da União Europeia. Nada disso aconteceu. A UE mostrou a sua resiliência e confirmou a força do processo de integração.
A lição que tiro do meu quotidiano é muito simples: precisamos de mais Europa - e não de menos Europa. Os países europeus precisam de mais Europa não no sentido de qualquer centralismo, mas no sentido de mais União Europeia – uma União que se bate pelos seus cidadãos e pelo interesse comum. Mais e melhor Europa, portanto. Para isso, não basta o trabalho das instituições europeias em Bruxelas e em Estrasburgo. Há que entender que a UE somos todos nós e que os Estados Membros devem afirmar com maior empenhamento o seu compromisso europeu.
A UE vai continuar a evoluir e a adaptar-se às exigências que o mundo lhe coloca. Mas para responder – e responder bem – aos desafios da atualidade (sejam eles diplomáticos, económicos ou sociais), tem de haver um consenso sobre o "para onde vamos" e também sobre o "como é que lá chegamos". Até onde estamos dispostos a partilhar as soberanias nacionais para aumentarmos o nosso efectivo poder na política mundial? Estas questões fundamentais (talvez existenciais) têm de ser clarificadas para avançarmos no sentido de uma maior integração económica rumo a uma verdadeira união económica e monetária, a uma política externa e de defesa mais coesa, ou novos passos a caminho de uma união política.
Ora, isto significa também o assumir de um compromisso europeu ao nível nacional. Chega de europeizar os fracassos e de nacionalizar as vitórias! Chega de dar espaço ao populismo e ao eurocepticismo.
A Europa que eu vejo no futuro é, pois, uma Europa unida, aberta ao mundo e, por isso, mais forte. É este o desafio que temos pela frente e que precisa do empenho firme de todos os que acreditam na Europa como o nosso destino comum.
Com todas as alterações no plano internacional, como vê o papel da UE neste novo contexto? Não deve assumir uma nova vocação?
Este ano marca o centenário do início da I Guerra Mundial. Acontecimentos recentes como o conflito entre a Rússia e a Ucrânia relembram-nos que não devemos dar a paz como garantida e sublinham a importância do projecto europeu em substituir uma lógica de confrontação por uma lógica de cooperação. A Europa é uma aventura permanente. Um projecto em construção. Não há muito tempo atrás, muitos comentadores e especialistas (em Portugal e no mundo) vaticinavam a implosão do euro, previam o declínio da Europa, até a desintegração da União Europeia. Nada disso aconteceu. A UE mostrou a sua resiliência e confirmou a força do processo de integração.
A lição que tiro do meu quotidiano é muito simples: precisamos de mais Europa - e não de menos Europa. Os países europeus precisam de mais Europa não no sentido de qualquer centralismo, mas no sentido de mais União Europeia – uma União que se bate pelos seus cidadãos e pelo interesse comum. Mais e melhor Europa, portanto. Para isso, não basta o trabalho das instituições europeias em Bruxelas e em Estrasburgo. Há que entender que a UE somos todos nós e que os Estados Membros devem afirmar com maior empenhamento o seu compromisso europeu.
A UE vai continuar a evoluir e a adaptar-se às exigências que o mundo lhe coloca. Mas para responder – e responder bem – aos desafios da atualidade (sejam eles diplomáticos, económicos ou sociais), tem de haver um consenso sobre o "para onde vamos" e também sobre o "como é que lá chegamos". Até onde estamos dispostos a partilhar as soberanias nacionais para aumentarmos o nosso efectivo poder na política mundial? Estas questões fundamentais (talvez existenciais) têm de ser clarificadas para avançarmos no sentido de uma maior integração económica rumo a uma verdadeira união económica e monetária, a uma política externa e de defesa mais coesa, ou novos passos a caminho de uma união política.
Ora, isto significa também o assumir de um compromisso europeu ao nível nacional. Chega de europeizar os fracassos e de nacionalizar as vitórias! Chega de dar espaço ao populismo e ao eurocepticismo.
A Europa que eu vejo no futuro é, pois, uma Europa unida, aberta ao mundo e, por isso, mais forte. É este o desafio que temos pela frente e que precisa do empenho firme de todos os que acreditam na Europa como o nosso destino comum.
Excelentíssimo Sr. Dr. Durão Barroso, dirijo-me a si com a seguinte questão: "Estando a Europa afectada pela crise financeira mundial, QUE FUTURO podem esperar os jovens europeus?
Agradeço o seu tempo, Obrigado
A promoção do emprego jovem está no topo das prioridades da Comissão Europeia. O desemprego jovem tem vindo a diminuir, registou em Julho uma taxa de 35,5%, o que comparando com o ano passado (era 37,6% em Julho de 2013) é revelador de uma melhoria no mercado laboral para os jovens. Mas a verdade é que cerca de 5,3 milhões de jovens europeus com menos de 25 anos não conseguem encontrar emprego - entre os quais estão 126 000 jovens portugueses, o que é preocupante.
Os Estados-Membros encontram-se na linha da frente deste combate, mas a Europa pode e está a ajudar. Por exemplo, reprogramámos os Fundos Estruturais e 344 milhões de euros de financiamento foram reafectados para o Programa "Impulso Jovem". Portugal tem em vigor (desde Março) o programa nacional "Garantia Jovem", também apoiado pela Comissão Europeia, e vai continuar a beneficiar de apoio do Fundo Social Europeu durante o próximo quadro financeiro plurianual para o período 2014-2020. O montante global do Fundo será o maior de sempre, estando numa verba de 7,7 mil milhões euros à disposição do país. Direccionámos também parte do Fundo Social Europeu para a formação e qualificação dos jovens. E o programa Erasmus+ foi reforçado significativamente dispondo de 14,7 mil milhões de euros (EU 28).
Esta tem sido uma prioridade também para mim, pessoalmente, porque tem de ser a juventude de hoje a construir o futuro europeu. A nossa competitividade económica - presente e futura - depende de vós. A vossa geração é seguramente a geração mais bem preparada que alguma vez houve na Europa. Portanto, é importante apoiar-vos e é importante que vocês devolvam esse apoio com o vosso entusiasmo e empreendedorismo.
Com uma taxa de desemprego jovem de cerca de 35%, Portugal é um dos países da UE 28 que enfrenta um enorme "brain drain". Que medidas a nível de política interna e política europeia deveriam ser tomadas para atenuar / combater este flagelo?
A promoção do emprego jovem está no topo das prioridades da Comissão Europeia. O desemprego jovem tem vindo a diminuir, registou em Julho uma taxa de 35,5%, o que comparando com o ano passado (era 37,6% em Julho de 2013) é revelador de uma melhoria no mercado laboral para os jovens. Mas a verdade é que cerca de 5,3 milhões de jovens europeus com menos de 25 anos não conseguem encontrar emprego - entre os quais estão 126 000 jovens portugueses, o que é preocupante.
Os Estados-Membros encontram-se na linha da frente deste combate, mas a Europa pode e está a ajudar. Por exemplo, reprogramámos os Fundos Estruturais e 344 milhões de euros de financiamento foram reafectados para o Programa "Impulso Jovem". Portugal tem em vigor (desde Março) o programa nacional "Garantia Jovem", também apoiado pela Comissão Europeia, e vai continuar a beneficiar de apoio do Fundo Social Europeu durante o próximo quadro financeiro plurianual para o período 2014-2020. O montante global do Fundo será o maior de sempre, estando numa verba de 7,7 mil milhões euros à disposição do país. Direccionámos também parte do Fundo Social Europeu para a formação e qualificação dos jovens. E o programa Erasmus+ foi reforçado significativamente dispondo de 14,7 mil milhões de euros (EU 28).
Esta tem sido uma prioridade também para mim, pessoalmente, porque tem de ser a juventude de hoje a construir o futuro europeu. A nossa competitividade económica - presente e futura - depende de vós. A vossa geração é seguramente a geração mais bem preparada que alguma vez houve na Europa. Portanto, é importante apoiar-vos e é importante que vocês devolvam esse apoio com o vosso entusiasmo e empreendedorismo.
Segundo o Estado Económico de Portugal, mais precisamente o desemprego jovem, que mais poderia fazer a UE, o Estado Português, para que a taxa diminua e que os jovens formados possam ficar no nosso pais e não ter que imigrar para poder trabalhar?
A promoção do emprego jovem está no topo das prioridades da Comissão Europeia. O desemprego jovem tem vindo a diminuir, registou em Julho uma taxa de 35,5%, o que comparando com o ano passado (era 37,6% em Julho de 2013) é revelador de uma melhoria no mercado laboral para os jovens. Mas a verdade é que cerca de 5,3 milhões de jovens europeus com menos de 25 anos não conseguem encontrar emprego - entre os quais estão 126 000 jovens portugueses, o que é preocupante.
Os Estados-Membros encontram-se na linha da frente deste combate, mas a Europa pode e está a ajudar. Por exemplo, reprogramámos os Fundos Estruturais e 344 milhões de euros de financiamento foram reafectados para o Programa "Impulso Jovem". Portugal tem em vigor (desde Março) o programa nacional "Garantia Jovem", também apoiado pela Comissão Europeia, e vai continuar a beneficiar de apoio do Fundo Social Europeu durante o próximo quadro financeiro plurianual para o período 2014-2020. O montante global do Fundo será o maior de sempre, estando numa verba de 7,7 mil milhões euros à disposição do país. Direccionámos também parte do Fundo Social Europeu para a formação e qualificação dos jovens. E o programa Erasmus+ foi reforçado significativamente dispondo de 14,7 mil milhões de euros (EU 28).
Esta tem sido uma prioridade também para mim, pessoalmente, porque tem de ser a juventude de hoje a construir o futuro europeu. A nossa competitividade económica - presente e futura - depende de vós. A vossa geração é seguramente a geração mais bem preparada que alguma vez houve na Europa. Portanto, é importante apoiar-vos e é importante que vocês devolvam esse apoio com o vosso entusiasmo e empreendedorismo.
No âmbito da cooperação europeia, e atendendo a que a UE se configura como a Organização Internacional que o detém o mais elevado nível de integração, de que forma olha para um possível Estado Federal?
Traduzindo, a existência de um órgão executivo ao nível comunitário, dotado de legitimidade eleitoral e directamente responsável perante os cidadãos europeus, não será uma possível resposta à actual crise política que se vive no seio da União?
O actual «meio termo» entre o estatal e o federal pode ser um ideal que nos proporcione orgulho, mas, a médio e a longo prazo, poderá igualmente resultar num impasse e na estagnação da própria UE, visível na ascensão de partidos extremistas.
Encontrando-se a finalizar o seu mandato como Presidente da Comissão Europeia, quais são, na sua opinião, as áreas políticas que Jean-Claude Juncker vai ter de focar maior atenção?
Até que ponto a política europeia criou problemas em Portugal, nomeadamente do âmbito agrícola com a política agrícola comum com politicas como o set aside?
Relativamente às eleições presidenciais de 2016, existe uma personalidade que se vai destacando e que é acarinhada por uma grande fatia da população portuguesa. Qual seria a sua opinião face a uma hipotética candidatura do Professor Marcelo Rebelo de Sousa à presidência da república portuguesa?
Considera que, com a eleição de Jean-Claude Juncker, caminhamos para uma Europa mais federalizada, porventura uma Europa à imagem dos Estados Unidos da America?
O artigo de Wolfgang Schauble no "Financial Times" sugere em virtude das críticas dirigidas às políticas alemãs para a Europa desde 2010, não só a existência de um Comissário Europeu com poder de veto sobre os orçamentos Nacionais de cada país da Zona Euro, como também a existência de um Parlamento da mesma. A acontecer, quais as vantagens e desvantagens dessas medidas?
A Turquia é um mercado aliciante para a Europa, contudo as diferenças ideológicas afastam-nos. Na sua opinião, os benefícios económicos poderão sobrepor-se aos valores pelos quais a Europa se rege e orgulha?
Considera que os Portugueses compreenderam a necessidade da intervenção da Troika? Em declarações de Abril de 2013, o Dr. Durão Barroso defendeu que "uma política que é vista apenas como austeridade não é obviamente sustentável". De que forma podemos conciliar as medidas apropriadas com a urgente recuperação financeira do país?
Tendo em conta a relativamente recente criação do "European External Action Service", como vê a evolução da representatividade externa da UE no futuro?
Como podem as regiões de convergência, predominantemente, aproveitar mais o espaço comunitário para diminuir as suas diferenças face a outras regiões nos próprios países, ou regiões vizinhas?
Gostaria de saber quais são as características que o Dr. Durão Barroso mais aprecia nos jovens políticos actuais, e que os jovens de há 20 / 30 anos atrás não evidenciavam.
Relembro uma carta que enviou aos Chefes de Estado e de Governo da UE antes de um Conselho Europeu decorrido a 22 de Maio. Um dos temas que tratava era o ambiente que hoje abordado na aula da amanhã na UV. A minha questão é: Como a união europeia pode ajudar a desbloquear um mercado de energia tão dominado pelo lobby dos grandes petroleiros?